Na Filipinas grupo se prepara para se sacrificar

em sexta-feira, 6 de abril de 2012

Filipinos acreditam que sacrifício melhorará a saúde de seus familiares


Em vários locais do mundo muitas pessoas comemoram a Semana santa, na Filipinas não é diferente ou talvez seja bastante diferente. Durante a Semana Santa, cerca de 30 devotos costumam ser crucificados em um
punhado de povos das províncias de Pampanga e Bulacan, ao norte de Manila (Capital da Filipinas), enquanto dezenas de filipinos optam por se auto-flagelar.

''Comecei há 21 anos porque minha mãe ficou doente. Graças ao meu sacrifício, ela melhorou. Quando me cravam e levantam a cruz diante das pessoas, peço a Deus que nos dê uma vida sem muitos problemas'', disse Danilo Ramos, um filipino de 41 anos que mora na localidade de San Fernando, a 70 quilômetros ao norte de Manila.


Danilo Ramos é um humilde motorista que usa seu triciclo como táxi. É comum na Filipinas usarem o triciclo como meio de transporte. Mesmo com pouco dinheiro Danilo não acha a vida muito dura.

''Acho que é pela minha devoção, quando sou crucificado, Deus me dá forças para enfrentar os problemas'', afirmou Ramos à Agencia Efe.


Outro que também que se sacrifica é Fernando Mamangun, de 42 anos, a deixar que suas mãos e pés sejam perfurados com pregos de 12 centímetros para prendê-lo na cruz. Fernando diz fazer isso para que seus familiares tenham saúde. 
''A primeira vez foi em 1990. Minha esposa tinha um cisto e teria que tirar um seio. Foi por isso que comecei com esta devoção. Após me crucificar, o problema se solucionou, a operação correu bem'', relatou.


Mesmo com os sacrifícios feito, Mamangun se questiona se seu sacrifício realmente funciona devido aos persistentes problemas intestinais de sua filha, que teve que realizar uma cirurgia de colostomia.

''Até agora ela defeca pelo abdômen e eu gostaria que ela fizesse isso de forma normal. Se minha devoção não for autêntica, ela não se recuperará totalmente'', defendeu.

Mamangun que já participou de 22 edições do ritual não esconde a tensão que o invade nos dias anteriores à cerimônia, que o faz desejar que ''o momento do sacrifício chegue o mais rápido possível''.

''No momento em que começam a me subir na cruz já não sei o que sentir e fazer, quero ir ao banheiro, vomitar, sair correndo. É muito difícil, sobretudo vendo que os outros já estão lá em cima, na cruz. Me dá nos nervos'', relatou.


Embora às vezes tenha vontade de desistir, a esperança de que Deus o ajudará a curar sua filha afasta seus medos.
''Às vezes, sinto vontade de parar. Mas não posso. Prometi a mim mesmo que faria este sacrifício. Não pararei até que minha filha seja operada. Nunca pedi nada por mim, nem estabeleci um prazo para interromper o sacrifício. Só espero que alguém possa ajudar a minha filha'', explicou.
Mais de 80% dos 94 milhões de habitantes das Filipinas se declaram católicos. A igreja condena o ritual, que se popularizou nos últimos 60 anos, pois considera que os crucificados buscam algo em troca do sacrifício, o que transgride o verdadeiro significado da paixão de Cristo. 

Colaboração: Exame
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