Em meio à tragédia do tsunami de lama de rejeitos de mineração da Samarco, a atitude inusitada de um padre da região atingida pelo desastre tem chamado a atenção. Pároco da Igreja de São José, da cidade de Barra Longa, a 60 Km de Mariana, Wellerson Magno Avelino, de 39 anos, abriu as portas de sua paróquia para cultos de outras religiões, sobretudo a Batista, que teve templo parcialmente destruído.
Fotos de um dos cultos circulam pelas redes sociais e
dividem opiniões e causam polêmica. Embora a maioria dos internautas
louve a iniciativa de Wellerson, que recebeu apoio de sua arquidiocese,
fiéis e até alguns padres da própria Igreja Católica, e evangélicos, o
criticam.
Nas fotos, o interior da Igreja de São José está sem
imagens de santos, retiradas provisoriamente. Devotos batistas aparecem
orando e abraçados ao padre.Padre Marcelo Tenório usou seu blog para reclamar. “Lamentável. A fé não se negocia, a verdade não pode ser obscurecida por nada, nem tão pouco pela solidariedade”, postou Tenório. O bispo anglicano Josep Rossello, que publicou as primeiras fotos, disse que “em momento de tristeza e dor, a missão como cristãos e filhos do mesmo Deus, é acolher uns aos outros. O padre Wellerson está de parabéns, pois faz o bem sem olhar a quem”, justificou.
Há seis anos e meio à frente da Paróquia de São José, padre Wellerson disse ontem ao Dia, por telefone, que não está incomodado com questionamentos. “Nossa igreja está de portas abertas, servindo de base para a atuação de voluntários de diversas partes do país, inclusive de outras religiões. Fizemos um culto ecumênico dias atrás que ajudou a manter a serenidade num momento muito difícil. O verdadeiro cristão é aquele que acolhe seus filhos, seja de onde for e em qualquer circunstância”, afirmou.
Fonte: O Dia