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Regras do Templo de Salomão em São Paulo

em sábado, 27 de dezembro de 2014

Por dentro do templo (foto UNIcom)
Por dentro do templo, que tem custo estimado de R$ 680 milhões (foto UNIcom)



Uma vez dentro do Templo de Salomão, ninguém dá um pio. “Passou da porta, zip”, um pastor instruía seu grupo de fiéis, simulando um zíper na boca. “Não preciso nem falar que celular é proibido. Mentaliza um SMS pra Deus que Ele responde na hora.”
Quase não há vazios entre as dez mil cadeiras da nova sede da Igreja Universal, na zona leste paulistana. Uma voz preenche o ambiente: você está na morada de Deus e deve ficar em silêncio.
Dois telões alternam imagens de florestas e riachos, com trilha sonora típica de meditação —sons de água e passarinho. Vem o versículo bíblico: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.
Até há quem tente, afirma o bispo Renato Cardoso ao começar o culto do dia. Ele usa o mesmo visual judaico adotado pelo seu sogro, o bispo Edir Macedo: quipá e talit (xale de oração) sobre o terno.
Cardoso cita um boato que se
espalhou pela internet na véspera da inauguração, com a presidente Dilma, no dia 31 de julho.
Uma montagem mostrou a fachada pichada com uma passagem da Bíblia: “O Deus que fez o mundo […] não habita em templos feitos por mãos de homens”.
O picho nunca existiu. A Universal, ele diz, é dirigida por Deus, não por homens. “A Universal cresce e cresceu sem precisar se defender.”
O que precisam, diz Cardoso, é de ajuda. Ele propõe uma “oração ao dizimista” no começo da pregação. “Você tem contas, a Casa de Deus também tem.” Só a fatura da luz é R$ 120 mil, afirma.
Chamados de levitas, os auxiliares do bispo usam longas túnicas brancas, com faixa dourada na cintura. Nas mãos, sacolas de veludo vinho para recolher o dízimo —que seria pedido de novo ao fim do culto de duas horas.
CREDENCIAL
Fiéis ainda não podem entrar lá a pé, sem hora marcada. É preciso credencial. Em julho, a repórter passou o cartão de débito para comprar a sua por R$ 45, numa igreja em Santa Cecília, região central em São Paulo —segundo o departamento de comunicação da Universal, é o preço do ônibus executivo, com seguro, que leva a caravana.
em julho, a credencial para caravanas de São Paulo saía por R$ 45 (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)
A credencial de São Paulo saía por R$ 45 (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)
Só havia lugar para 14 de agosto, uma quinta-feira. No dia marcado, as credenciais são distribuídas numa bandeja de prata. Às 15h23, um ônibus com três homens e 21 mulheres (muitas com vestido de gala e brinco de brilhantes) sai rumo ao Brás.
O pastor passa instruções do tipo “agasalho de time não vai entrar”. Alerta: todos passarão por dois detectores de metais e terão bolsas revistadas na entrada. “Você não vai ter o direito de se importar.”
Mais vetos: celular, bala e caneta, inclusive a usada para marcar páginas da Bíblia.
“Ex-católica macumbeira”, Nice, 63, já foi ao templo uma vez. Achou chiclete embaixo de uma das dez mil cadeiras —que, num culto em 2013, Edir Macedo estimou valerem R$ 2.200 cada. “O povo não tem temor a Deus.”
No pátio, 103 bandeiras representam os países onde a Universal atua. Em destaque, uma do Brasil, uma de Israel e uma da igreja (a pomba branca dentro do coração).
Nas paredes, 12 menorás, o candelabro judaico cujo fogo “era mantido continuamente aceso pelos levitas do templo original”. Na réplica do Brás, a brasa vem de lâmpadas.
Nice ajeita seu pulôver rosa, endireita o coque grisalho e suspira. “É como entrar num pedaço do céu”.
NO COMPASSO DE SALOMÃO
Quase cem ônibus, vindos de vários lugares do país, param num estacionamento a dez minutos de caminhada da igreja. O trajeto é organizado, na ida e na volta, para não atrapalhar o trânsito.
O que não impede uma legião de ambulantes de abordar os fiéis na saída do culto. Sugeriam entrar “no compasso de Salomão”, com relógios de parede a R$ 20. O “churrasquinho do templo” (R$ 3) podia ser degustado “sem cair no pecado da carne”, prometia outro vendedor.
Casas ao redor improvisavam na garagem banquinhas de quitutes. No templo não há qualquer comércio.
Fiéis da Força Jovem Universal brincavam com a abundância de ofertas. Só falta a “camisinha de Salomão”, diz um rapaz de topetinho e gravata. Com ela, “você pode tentar botar pra baixo, mas vai se reerguer pela glória de Deus”.
Celular e máquina fotográfica são vetados, mas era possível levar um registro do “momento histórico” para casa. Auxiliares da igreja fotografavam quem quisesse na frente da fachada, revestida com parte dos 40 mil m² de pedras importadas de Israel.
O retrato pode ser baixado na internet, de graça.
Alguns fiéis levam debaixo do braço o jornal “Folha Universal”. Numa charge, a mão de Deus sai das nuvens e usa uma tesoura para cortar a fita vermelha do templo.
Rosa, 46, pegou oito horas de estrada para vir do Rio de Janeiro até o Brás. Voltaria no mesmo dia, com duas filhas, a sogra e um pingente dourado com o templo em miniatura, comprado por R$ 10 na porta.
“É Deus no céu e Edir Macedo na Terra”, diz.
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Construtoras crescem construindo igrejas

em sábado, 5 de maio de 2012

Só Igreja da Universal do Reino de Deus, com a construção do Templo do Rei Salomão, no Brás, em São Paulo, é orçada em cerca de R$ 300 milhões.
Réplica do Templo de Salomão que está sendo feito pela igreja Universal, orçado em R$ 300 milhões de reais


Por mais de 20 anos, a paulista Sobrosa foi uma construtora de pequeno porte, dedicada ao ramo industrial. Teve oportunidade de fazer obras públicas e projetos residenciais, mas manteve o rumo. No ano passado, porém, recebeu um convite inusitado. Por indicação de um cliente, foi chamada a participar da concorrência para a construção do templo sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, em

São Paulo. Entrou na disputa e levou o contrato, de cerca de R$ 70 milhões. Hoje, é sua maior obra.

A Sobrosa é um exemplo emblemático de como os projetos de grandes templos no Brasil começam a chamar a atenção de construtoras tradicionalmente focadas em outros mercados. A Construcap é outro.

Entre as dez maiores empreiteiras do país, com receita de R$ 1,6 bilhão em 2010 – segundo ranking da revista O Empreiteiro –, a empresa está construindo o Templo do Rei Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo. Inspirado no antigo templo judeu, o prédio terá colunas com quase o dobro da altura da estatua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; capacidade para mais de 10 mil pessoas sentadas; vagas para 1,2 mil veículos e será todo revestido com pedras importadas de Israel.

Uma das grandes vantagens de explorar o mercado de templos, diz Fabio Said Bittar, diretor da Solidi Engenharia e Construções, é justamente o perfil dos projetos. “Igrejas são obras tecnicamente simples – um grande caixote –, com prazo de entrega relativamente curto, acabamento de qualidade e contratado por quem tem dinheiro em caixa”, afirma.

Imagem do santuário 

Responsável pela construção do Santuário Mãe de Deus, do padre Marcelo Rossi, a Solidi é um caso à parte neste de nicho de mercado. Segundo Bittar, a construtora embarcou no negócio a convite do próprio padre, quando as obras já haviam começado. A primeira contratada, diz, teria desistido pela inconstância no fluxo de caixa da obra, alimentado basicamente por doações, pela venda de discos e de livros do religioso -- a assessoria de imprensa de Marcelo Rossi não confirma. “Estamos tocando a obra na medida em que o dinheiro entra. É difícil uma empresa que visa lucro topar assim”, afirma.

Normalmente, é o que a Solidi faria também. Mas o empresário diz que aceitou a empreitada em agradecimento ao apoio recebido do padre, há cinco anos, quando teve um problema grave na família. E hoje o Santuário é uma das 14 frentes de obras da Solidi, a maior parte delas em São Paulo.

Orçamento reservado



Cidade Mundial, custou R$ 70 milhões

As igrejas donas dos templos costumam ser discretas em relação aos valores envolvidos nos projetos. Procuradas, não falam sobre o assunto. Bittar, porém, diz que o projeto do Santuário Mãe de Deus começou orçado em R$ 45 milhões e deverá custar perto de R$ 50 milhões. É pouco menos que os R$ 70 milhões que Eduardo Ferri Sobrosa, sócio-diretor da Sobrosa, diz que vai custar a nova sede da Igreja Mundial do Poder de Deus. Mas muito menos que o suntuoso Templo do Rei Salomão.

Trabalhadores na obra contam que Edir Macedo, fundador da Universal, aparece em vídeo no processo de integração de novos funcionários e diz que a está investindo no templo cerca de R$ 300 milhões. A reforma do estádio Beira Rio, em porto Alegre, para a Copa de 2014, e a construção do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, custarão pouco mais que isso.

Para Bittar, da Solidi, a comparação com shopping centers, em particular, dá também uma boa dimensão do potencial do mercado de grandes templos no país. É comum donos de empreendimentos do tipo usarem como referência para abertura de novas unidades o número de habitantes de uma cidade. “Se tem mais de 100 mil, tem espaço para a construção de um grande templo”, afirma o empresário.

Só Belo Horizonte, onde a população supera os 2,3 milhões de habitantes, há um projeto para 25 mil pessoas – a Catedral Cristo Rei, da igreja católica –, e outro para 30 mil, da igreja Batista Lagoinha. Como base de comparação, a Catedral da Sé, em São Paulo, tem capacidade para 8 mil pessoas, e a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, menor apenas que a de São Pedro, no Vaticano, para 35 mil pessoas.

Na avaliação de Sobrosa, igrejas com capacidade acima de 10 mil pessoas já são um bom negócio. “Com uma dessas por ano, dobro meu faturamento”, afirma, em referência ao templo que sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, que terá capacidade para 15 mil pessoas, estúdio de TV e estacionamento com capacidade para 1633 carros. “Não estou mudando o direcionamento estratégico da minha empresa - ela continua focada em obras industriais. Mas este é um mercado com potencial para o futuro, que não podemos desprezar”, afirma.



/IG
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