Papa Francisco ladrado por bispos e cardeais na manha deste sábado - ANDREAS SOLARO / AFP |
Bispos católicos aprovaram, neste sábado, o documento do Sínodo sobre a família, após três semanas de debates presididos pelo Papa Francisco. O texto, com 94 parágrafos, propõe uma abertura restrita para divorciados que se casaram novamente fora da Igreja Católica, mas rejeitaram pedidos de adoção de uma linguagem mais acolhedora em relação aos homossexuais.
- O documento é o resultado de um consenso - adiantou o cardel austríaco Christopher Schoenborn, em uma coletiva de imprensa onde afirmou que o documento encara o assunto (dos divorciados recasados) de “forma transversal”.
Os 270 bispos e cardeais “sinodais”, que representam lideranças católicas de todo o mundo, aprovaram a suspensão de algumas proibições para católicos divorciados que voltam a se casar em cerimônias civis, como serem padrinhos de batizados e casamentos, além de ler a missa. Contudo, eles enfatizam que é necessário “dissernimento” na avaliação dos que podem comungar e se confessar.
Os parágrafos 85 e 86, que tratam da reitegração desses católicos, estão entre os que receberam mais votos contra (80). O trecho do documento sugere que “os batizados que se divorciaram e contraíram novas núpcias civilmente sejam reintegrados na comunidade cristã quanto possível, evitando gerar escândalo”.
Sob a doutrina atual da Igreja, eles que não podem receber a comunhão, a menos que se abstenham de ter relações sexuais com seu novo parceiro, porque seu primeiro casamento ainda é válido aos olhos da Igreja e eles são vistos como vivendo em pecado do adultério. A única maneira para que esses católicos possa casar novamente é se receberem a anulação - decisão de que seu primeiro casamento nunca existiu em primeiro lugar por causa da falta de determinados pré-requisitos, como a maturidade psicológica ou livre arbítrio.
O documento final do sínodo reafirmou os ensinamentos da Igreja de que os gays não devem sofrer discriminação na sociedade, mas também repetiu a posição de que “não há qualquer fundamento” para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que “não pode nem mesmo remotamente” ser comparado a uniões heterossexuais.
O documento indica que a assembléia decidiu evitar uma linguagem abertamente controversa e buscar o consenso, a fim de evitar impasse sobre os temas mais sensíveis, deixando para o papa lidar com os detalhes.
O sínodo é um órgão consultivo que não tem o poder de alterar a doutrina da Igreja. O papa, que é o árbitro final sobre qualquer alteração e que fez um apelo por uma Igreja mais misericordiosa e inclusiva, pode usar o material para escrever seu próprio documento, conhecido como um "exortação apostólica".