O Telejornal
com maior audiência da televisão brasileira (média de 24 pontos este
ano), o Jornal Nacional apresentou uma cobertura limitada dos ataques
terroristas em Paris na sexta-feira.
Quando o
JN entrou no ar, os atos de extrema violência tinham acontecido havia
uma hora e meia. Não deu tempo de montar um esquema na capital francesa.
A solução
foi acionar os escritórios da emissora em
Nova York e Londres, de onde
os correspondentes Sandra Coutinho e Roberto Kovalick, respectivamente,
repassaram informações de agências de notícias e de canais
internacionais de TV.
Enquanto
isso, Band e RedeTV!, quarta e quinta emissoras no ranking das grandes
redes, informavam direto de Paris, onde mantêm correspondente.
Ontem, o
principal jornalístico da Globo reagiu. O Jornal Nacional acionou 14
repórteres em 6 países numa edição especial com duração de uma hora e 15
minutos.
Quatro
jornalistas foram deslocados de seu posto para produzir matérias em
Paris: Roberto Kovalick, de Londres, Ilze Scamparini, de Roma, Pedro
Vedova, de Berlim, e Bianca Rothier, representante da GloboNews em
Genebra.
Foram
cinco entradas ao vivo da região onde fica a casa de shows Bataclan,
principal cenário dos ataques realizados pelo Estado Islâmico.
A repórter da GloboNews Carolina Cimenti interrompeu férias em Paris para colaborar com a cobertura da Globo.
O JN de
sábado também teve a participação de Cecília Malan (Londres); Jorge
Pontual, Alan Severiano e Fábio Turci (os três em Nova York); Rodrigo
Alvarez (Turquia); Márcio Gomes (Tóquio); e de três experientes
repórteres em São Paulo: Graziela Azevedo, Tonico Ferreira e Marcos
Uchôa.
William
Bonner, que além de âncora é editor-chefe do Jornal Nacional, fez
questão de ressaltar que chegara antes das 10h da manhã à Globo para
coordenar a edição especial com sua colega de bancada, Renata
Vasconcellos, e a equipe.
O JN
terminou de maneira atípica. Um clipe exibiu dezenas de pessoas saindo
do Stade de France cantando a Marselhesa, hino nacional da França.
Em
seguida, um trecho da música Soldado da Paz, composta por Herbert
Vianna, na voz de Toni Garrido, enquanto eram mostrados os locais
atacados em Paris e pessoas condoídas com a tragédia.
A última
imagem foi a do Cristo Redentor iluminado com as três cores da bandeira
francesa: azul, branco e vermelho. Os créditos do telejornal subiram na
tela sem trilha, em respeito às vítimas.
Esse teste
de fogo para o jornalismo da Globo no exterior acontece justamente no
momento em que o canal opta por reduzir o número de correspondentes
internacionais.
Devido à
valorização abrupta do dólar e do euro em relação ao real, a emissora
vai cortar despesas e trazer alguns jornalistas de volta ao Brasil.
Um deles é
Renato Machado, baseado na capital inglesa há três anos. Renata
Ceribelli, exclusiva do Fantástico nos Estados Unidos desde o fim de
2013, também está de mudança. Ambos retornarão ao Rio.
Resta
saber se a Globo voltará a contar com um repórter fixo em Paris. O posto
já foi ocupado por medalhões do jornalismo do canal, como Sônia Bridi e
Marcos Uchôa.